sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Estou a balbuciar cacos de mim.


Existe uma lua no céu. Uma areia afável, de aparência crucial.
Olho ao alto e o vento me sopra insensatez. Conversa com meus espectros.
Ensaio passos na terra.
Brinco com felinos sentidos transpostos. Fixando vestígio.
Reservada, esmiuçada. Olhando para trás, observo marcas minhas.
Não me reconheço.
Passos aquém de mim.
Continuo a caminhada e minha pegada umedece a cada ritmo dado.
Deixando-as mais vulneráveis, confusas.
Paro na imensidão azul horizontal.
Finco pés na areia. Infiltra a sedenta energia.
As águas enterram e desvendam o melhor e o pior de mim.
Flutuo com o ar. Aprecio sensações.
Sinto-me acompanhada. Estranho as duas sombras de mim.
Caminhos? Personalidades? Desejos?
Clareia a ambigüidade cedida a cada um.
No não mais presente, poderei escolher uma só sombra,
Mas saberei como é ter duas, e melhor, a escolha não será às cegas.
Meu corpo vai aonde minha mente pensa que está.
Minhas retinas alucinadamente vivas.
Boca involuntária, confidente, faminta.
Solto ao vento murmúrios “intempestados” de mim.
Assim falo a quem ele os levar.
Poderia gritar, mas a quietude me ameniza a ânsia do saber ser.
As respostas não me faltariam, mas é como se me faltassem perguntas à boca...
Não me veja assim! Estou a balbuciar cacos de mim.
Quero apenas libertar-me de serem somente minhas, as parábolas.
Essa carcaça me pesa, mas é a força d’alma que almejo.
Aprendi que ser carnal é ser forte e intenso.
Porém, não é a carne nossa maior fraqueza?
Alma é forte, controla mente, pulsa coração.
Filtro energia então. Sugo pra n’alma não faltar uma garra de luz.
E como regada raiz fincada,
Abdico, transfiro e absorvo.
Agora cá estou lá, e aqui.