terça-feira, 30 de março de 2010

Aquela que carregava uma flor como se levasse um guarda-chuva.

Contanto o Conto da Menina de 100anos.


Dia de luto. Enquanto andava de baixo da chuva, no caminhar peculiar de velório, só passava na sua cabeça, a última viagem que fez com sua mãe. Na qual suportou a maior parte emburrada, o “programa família”, enquanto seus amigos se divertiam na praia. Se soubesse que dias após iria perdê-la p’ra sempre, talvez ela conseguisse deixar o rosto mais seco que as flores que carregava junto ao corpo, como um lamento desleixado.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Aquela que fuma um cigarro manchado de batom.

Contanto o Conto da Menina de 100anos.

Acordava p'ra fumar e bebia p'ra dormir. Era assim a sua juventude. Após anos fora de casa, não tinha nada de sólido na vida. As vezes os malabares no sinal não davam o esperado, ou desejava ter mais do que conseguia. Se vendia. Não que ela tenha se tornado uma garota de programa, apenas escolhia a carteira mais recheada da mesa, p'ra pagar sua conta e quem sabe ganhava alguns presentes numa cama macia de lençol de seda(?).

segunda-feira, 1 de março de 2010

Aquela triste, abrindo uma bala chita.


Contanto o conto da Menina de 100anos.

Festa. Era dia de festa! Crianças correndo, balões estourando, mães gritando, meninos caindo, doces pelo chão... Nada. Vazio. Silêncio. Assim eram seus aniversários. Tinha chamado todos da classe. Todos da rua. Todos da família. Ninguém. Mesmo sem começar, seu aniversário terminou. Sozinha, sentada na calçada comendo seus doces intactos, pensou em coisas a desejar. Sopraria a vela solitária e pediria. Era isso! Mas... Nada. Ou melhor, tudo. Tudo vinha a sua mente. Era tanta coisa que queria mudar em sua vida, que desejou apenas não precisar desejar nada.