terça-feira, 19 de abril de 2011

Mas estamos tão singulares...

Vejo-me cansada, sentada em uma escadaria de concreto frígido e nada acolhedora. Olhares me rondam. Seres meus e “além-mim”. Meu próprio estado, perdidamente racional, me coloca a julgar-me. Vejo agora por cima do canto do olho esquerdo uma pessoa incógnita, mas serena ao meu lado. Chegou como uma figura participante do dia-a-dia desse lugar. Deparou-se comigo e perdidamente “seduzido” pelo jardim em que comungamos olhares, sentou-se ao meu lado. Quase como um jogo de espelhos. Talvez um espectro meu. Hora o sinto como um anjo da guarda, hora é meu ego exposto. Pessoas agora nos rondam. Nos olham, mas não nos comunicam. Existe um vácuo entre nós. Porém, desconfio que se nos encarássemos isso não seria um peso. Talvez nos encontrássemos, reconhecêssemos de outra ou da mesma vida. Mesmo sem nos olharmos, confesso que sinto um compartilhamento de sensações. Agora esse rapaz de pele clara, cabelos cacheados, permanece imóvel com os braços cruzados e olhos cerrados no colo. Pergunto-me se o que ele sente é bom ou ruim. Sinto um impulso comparado à um soco no estômago de falar com ele. Angustio-me. Não sei se com as minhas ou angustias dele. Devo me comunicar com esse espelho? E se ele quebrar aos meus olhos tocarem essa fria realidade? Poderia eu incomodar alguém assim? Essa vontade é de me ajudar ou ajudar alguém? Perguntas... Sensações aflorando juntas, saltando da minha mente e difundindo meu corpo. Como um jorro, um fluxo de loucura. Quem sabe ele só quer sossego. Quiçá eu só queira sossego! Por isso estou aqui. Voltei à realidade. Agora me sentindo isoladamente acompanhada de algo. Não como se eu não pudesse “atingir” alguém, mas como se ninguém conseguisse “atingir-me” naquele momento. Finalmente ele levantou a cabeça e olhou para mim. Pausa. “Você se sente bem?” saltou por instinto e nervosismo da minha boca. Mas como um idioma além-mundo, tive que repetir, até finalmente a quarta voz sair da boca do rapaz: “Só estou cansado... De esperar... Cansado...”. Respirei. Ele respirou. Encontrei-me na mesma situação. Deu vontade de segurar a mão dele e nos fazermos companhia. Mas não. Lembrei que nada vai chegar até mim. E nesse suspiro ambos concordamos que é melhor assim. Sinto ele me olhar, quase gritando com através de sua própria consciência: “Quem é essa garota?”, “Sobre o que ela escreve?”. Será que ele imagina que é sobre nós? Nós? Soa-me como encontro de duas pessoas... Mas estamos tão singulares... Não costumo escrever sobre alguém que não faz parte da minha vida. Tenho hábito de escrever sobre mim. No entanto, de tanto precisar me esvaziar, acabei inconscientemente, ou não, resolvendo preencher-me de pessoas alheias à mim. Melhor assim! Principalmente aquelas a quem não preciso esquecer, porque nunca, verdadeiramente, as conheci. Serão somente espelhos meus, refletindo, ofuscando, revelando ou feito só por pedacinhos, até eu juntar os cacos de mim e enxergar-me novamente por inteira.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mordaça.


Buscando coragem para inspiração.
Procuro me escrever. Pra atingir, dissolver, assimilar e quiçá resolver! Tantos assuntos já atravessaram... Experiências que não estão aqui... Me pergunto o porque, se algumas não se resolveram ou ainda estão reverberando em mim? Mas talvez não seja o momento delas difundir.

Então, vou escrever hoje com o que salta de dentro...


: Nada.







De repete resolvi me prender em meus próprios pensamentos.