segunda-feira, 19 de abril de 2010

Corretivo de papel na vida.


Procuro-me.
Estou só.
Não no intento da “não existência ao meu redor”, não.
Digo de conforto, de agora, de momento.
Falo de coração, pulmão, sentimento.
Crio uma sensação de asma dentro de mim.
O ar de sobra, o minuto prolonga, os pensamentos circulam.
Sobe uma anestesia, uma agonia, anorexia.
Escavo-me, busco-me, caço-me...
Tudo a mim, porém, não para mim.
Seria possível viver outra vida que não fosse minha?
Seria notória a falta da raiz?
Nesse momento sou folha, fruto.
Meu caule cresceu, enrijeceu d’uma madeira oca.
Outro conteúdo visto dentro;
Na folha que já não está em branco,
Lê-se uma história, que não a minha.
Eu escolhi. Entre tantas outras. Escolhi. Histórias. Esta.
Que tivesse escolhido, escrito, torcido, participado,
Nunca vivido.
Não! Intensamente.
Não! Tomando para si.
Não! Com causa e direito.
Não! Apenas isso. Não!
Corretivo de papel na vida.
Apagando, começando, desvendando. Sendo eu.
Volto à folha, ao branco, à raiz, à matriz.
Regresso ao tempo, ao pensamento, aos momentos.
Aqui, hoje e agora, volto.
E ao nascer, berro no meu primeiro choro.
Procura-me sem demora,
Que ao me achar me perderei para o sempre.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

um Dois-Mil-e-Doze por Doses!


Dia vazio.
Cheio de arrepio,
Pensamento,
Preguiça e má vontade.

Como secar um dia comum sem pesar?
Viver intensamente?
Pensar que de repente não terei o mais tarde?
Como se o mundo fosse revogar...
Um dois-mil-e-doze por doses!

Que arcano é esse que rodeia minha vida?
Quando eu saberei se vivo os minutos ou as horas?
Temo que aproveito de menos,
Justifico aproveitando demais.

Mas o que seria o aproveitar da questão?
Não fazer nada sempre é fazer alguma coisa.
E porque não “essa coisa” não é no momento o que eu preciso?
Isso seria aproveitar, isso seria viver, isso seria ter vontade.

Vivo na vontade e à vontade.
A minha! E a tua, porque não...?
Todos a temos.
Usá-la-ei ao meu favor.
Por favor, sem favor.
Apenas por usar, por matá-la!

Não quero cuidá-la a doses homeopáticas,
Quero tirar as cicatrizes da vontade de mim.
Sendo assim, arremato:
- Os dias são cheios de recheios. Você que escolhe: azedo ou doce, salgado ou não.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Na Mentira e na Veracidade:

(Ao dia de hoje)


Mentir.
- verbo que conjugo ao meu favor hoje -
Mentira!
- expressa o que indago neste dia -
Minto: “não sinto!”
Ou será que sinto o que eu minto?
Não sei.Poderia jurar como qualquer um,
Poderia usar esse dia a minha mercê,
Poderia trapacear, brincar, esconder,
Poderia tanta coisa ao meu querer,
Mentindo...
Digo: “mentirei.”
Mentindo que o céu está luminoso agora,
Que não há chuva lá fora.
Dizendo que não há amor no mundo,
Querendo um sono profundo,
Pois nada no mundo me alegra agora.
Mentira!
Por mais chuva que caia do céu,
Por mais sol que se esconda p’ra mim,
Tenho um alento maior que me alimenta,
Uma força motriz que avante cresce,
O amor das minhas preces.
Que fortifica, permeia e saúda,
Hoje eu bebo a vossa custa,
Esse farvo que adocica meu dia,
Que aquieta minha agonia.
Hoje brindo com euforia,
Na mentira e na veracidade:
“Tenho amor!”, eu diria.
E hoje vivo, com felicidade.